História da Nação Cabinda

 

PAI HENRIQUE DE OXUM

 

CONSCIÊNCIA E RESPONSABILIDADE

Entrevista para a Revista Batuque – Junho/1978

Henrique Fraga, o Pai Henrique da Oxum como era conhecido foi criado no kardecismo e mais tarde, por motivo de doença, ingressou na casa de Palmira Torres dos Santos, a Mãe Palmira da Oxum, passando assim para o africanismo e aos sete anos de idade Henrique já era pronto, desde então 41 anos se passaram.

Teve seu primeiro filho de santo aos 14 anos apenas, na pessoa de Ana Rolina Gomes, a Carola da Oxum, de quem sempre fala com muito carinho, o carinho de um pai.

Hoje perto de cinco mil filhos de santo, espalhados pelos quatro cantos do Brasil, seguem os mesmos passos de Carola, conduzidos pelo pai Henrique, entre eles: Ernani do Xangô, Manoca do Xapanã, Sueli da Oxum , Ercia da Oxum, Heloísa da Iemanjá, Mário da Oxum, Luíz Roberto da Oxum e Marina da Oyá.

Henrique, que era um homem maduro, conhecia a religião e sabia que um dos pontos negativos que mais a prejudicam é a irresponsabilidade de alguns, que não encaram com seriedade a sua missão. E o resultado são trabalhos malfeitos que as vezes pioram a situação das pessoas que a eles recorrem na esperança de melhorar de vida, e consequentemente enfraquecimento da própria religião.

Por isso a preocupação de Henrique é acompanhar seus filhos em todas as fases de seu aprendizado, e dizia: - "Meus filhos aprendem comigo a jogar búzios, ao meu lado"

Somente lhes é dada autoridade depois de conhecerem tudo sobre o culto africano, desde as pequenas coisas até as grandes porque tudo é importante. As comidas e as ervas dos orixás, as ervas para a cabeça, axés de faca e búzios, Ebós, tudo enfim é minuciosamente ensinado a seus filhos, que depois são testados, para ter a certeza de um trabalho bem-feito.

Apesar de seu rigorismo, o que prova um elevado senso de responsabilidade, Henrique tem muitos amigos, gente como : Idalino do Ogum, Tonho do Oxalá, De Lurdes de Oyá, Vinícius do Oxalá, Luiz do Bará (seu compadre de religião), Olmira do Xangô e Osvaldo Nascimento (sapata d`Ogum).

Isto sem esquecer dos já falecidos que conquistaram um lugar permanente entre seus amigos , e a quem sempre respeitou e até hoje admira : Maria do Bará, Bispo de Ogum, Alfredo Sarará (Sarará de Ogum), Mãe Apolinária, Mãe Tinancia do Oxalá, Mãe Esperança da Yansá e Mãe Otília do Ossanhe.

Também recebe visitantes de fora do pais. “falando em América do sul ,diz ele, os povos que mais procuram o culto Africano são os uruguaios e argentinos. Os Paraguaios também, se bem que em menor escala.

Abordando o assunto "culto africano nos dias de hoje" ele afirma que a procura as casas de religião vem aumentando gradativamente, de ano para ano, não só por uma questão de modismo, mas também por necessidade: "atualmente todos passam por uma fase de retração, inclusive os grandes industriais e isso faz com que certas pessoas procurem no culto africano as soluções para seus problemas”.

Acredito também estar havendo um certo descrédito atualmente, no catolicismo, pois a Igreja intromete-se inclusive na política perdendo um tempo precioso que poderia ser mais bem aproveitado para um maior fortalecimento da própria igreja católica".

Quando lhe foi perguntado o que deveria ser feito para melhorar o culto africano, foi taxativo: "acho que ao invés de criticarem os irmãos de religião, como fazem alguns, valendo-se inclusive de veículos de comunicação, deveriam sim, organizar congressos, palestras e encontros onde os pai de santo pudessem discutir, apontar os problemas e encontrar soluções".

E continua: " acredito que esta revista preenche uma grande lacuna em nosso meio, pois até o momento não tínhamos nada que nos auxiliasse na divulgação de nossa religião, excetuando a televisão, que esporadicamente faz alguma cobertura, sobre uma festa ou algum fato curioso, mas de alguma forma supre as nossas necessidades".

Com o Museu Afrobrasileiro, estamos fazendo  o que Pai Henrique da Oxum pedia, unindo os africanistas, digitalizando o conhecimento e história para que não seja perdido mais do que já perdemos.

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Ramificação da sua Bacia:

 

 

 

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Estamos com o Museu Afrobrasileiro  colocando mais uma ferramenta na mão de todas as Bacias do Estado e Brasil

Beto de Ogum - Diretor