História da Nação Jeje/Nagô

 

PAI LUIZINHO DE OGUM ADIOLÁ

 

PAI LUIZINHO DE OGUM ADIOLÁ  

 

Filho de Valdemir Pereira, natural do Ceara, e de Dona Glaci Almeida, que se conheceram no Rio de janeiro onde trabalhavam. E foi la, no Rio de Janeiro que casaram e tiveram seu primeiro filho Alexandre. Em seguida voltaram para a Cidade de Esteio-RS.

 

Jose Luiz de Almeida Rodrigues (Luizinho de Ogum), veio a nascer, em 9 de agosto de 1962, na cidade de Encruzilhada do Sul, (Rincão dos Pereiras) Rio Grande do Sul.

 

Pai Luizinho de Ogum, tem em sua mãe carnal, Sra Glaci Almeida Rodrigues o espelho de simplicidade e humildade e a base de toda sua formação.

Ela sustentava seus quatro filhos, Luiz , Alexandre, Isabel Cristina e Helena Roberta, trabalhando no interior rural de Encruzilhada pois seu marido havia abandonado a família.

Ela caminhava muitas horas ate chegar ao seu trabalho e certa vez, não conseguiu comer em seu trabalho porque lembrou de seus filhos que naquela hora, não tinham o que comer e perdeu ate a fome naquele momento e não conseguiu comer.

Os quatros irmãos apesar de ter uma infância com muitas dificuldades, com poucos recursos, viviam na maior simplicidade e eram muito felizes. Tomavam seus banhos de cachoeiras e nos passeios gostavam de comer frutas do campo.

Os quatro irmãos, tiveram nas pessoas de Deoclides e Rita, avos maternos,  outro apoio com relação a orientação, educação e de muita alegria em família.

 

Quase que da mesma forma de seu Pai, (Vinicius de Oxala Domaia), Luizinho de Ogum, teve desde muito cedo o conhecimento que havia nascido com uma missão espiritual.

 

Sua Avo fazia benzeduras, tinha um simples conga em sua casa no Município de Encruzilhada do Sul.

Ele, ainda muito criança, gostava de ver a Vó fazer as benzeduras, gostava de olhar e ver sua avo incorporada, achava muito bonito aquilo tudo, mas ao mesmo tempo ele tinha medo dos guias dos caboclos. Ele se assustava ao ver os guias girando, mas ao mesmo tempo ele sentia alguns sintomas, sentia alguma coisa que não sabia definir (eram as vibrações) pois arrepiava a sua cabeça, ficava assim meio estranho. 

 

E isso foi passando e com o tempo começou a enxergar, a ver os caboclos, dando muito trabalho pra sua mãe carnal, pois com isso ele tinha medo de dormir sozinho porque ele enxergava espíritos e caboclos.  Outra fase foi a da escola onde os guias se encostavam nele e ele incorporava, e parecia, aos olhos da professora, um tipo de desmaio, tipo convulsão e ninguém percebia o que realmente era uma incorporação (por volta de seus 16-17 anos). Não aguentando mais esses acontecimentos a sua mae carnal o levou na casa da Mae Maria Rene da Cabocla Jurema das 7 Flexas (filha de Ode na Nacao), onde pela primeira vez o Ogum de Naruê chegou e disse seu nome e que teria uma missão por muitos e muitos anos.

 

E com o passar do tempo começou a frequentar a casa de religião de uma Tia que trabalhava com a Umbanda.  Ela trabalhava com a Cigana Ara e a Cabocla Iara.  Foi onde iniciou seu desenvolvimento na Umbanda com o Caboclo Ogum de Narue. Mas por um tempo ele não queria mais, tentou fugir, foi trabalhar fora, buscava outros tipos de trabalho ele achava que não era  aquilo que ele queria pra ele.  Queria viver outra vida, viajar, conhecer outras coisas.

 

Ele tentou se afastar.  Mas sempre onde ele ia, sempre de uma forma ou de outra ele ia em uma sessão e sempre lhe  diziam que ele tinha esse compromisso, uma missão e isso ate o incomodava de tanto que lhe  falavam e de tanto que tinha que se incorporar e trabalhar e não era isso que ele queria, Ele se criou vendo aquilo ali e sabia que era muito cansativo, muito puxado e que tinha muita cobrança pois a religião tinha muita rigidez.

 

Terminou indo para Porto Alegre onde conheceu o Pai Vinicius de Oxalá em um bar. Fez amizade com a pessoa dele e Pai Vinicius falou que tinha uma casa de santo e o convidou pra ir em uma sessão, e ele foi.  E de lá gostou, se encantou pela pessoa de Pai Vinicius, pela orientação que dava o guia dele, Ogum Mege. E foi na casa de Ogum Mege que lavou sua cabeça aos 17 anos) e depois fez um bori de aves.

 

Realizando essas obrigações ele achava que estava fazendo apenas uma segurança. O Pai Vinicius pediu para Luizinho, dar uma mão, ajudar a Pai Walter de Iemanjá que morava em São Paulo que a pouco tempo tinha se aprontado e tinha casa aberta. No decorrer dos anos, conheceu uma filha de Santo de Pai Walter, a Sandra de Iemanjá que terminou sendo uma de suas melhores amigas e irmã.  Luizinho ajudava muito dentro da casa de Pai Walter.

 

E certo dia, a Sandra de Iemanjá, comentou ao Luizinho que estavam recrutando pessoas para trabalhar no  Japão e alguns filhos dela se inscreveram. E Luizinho ainda com ideia de fugir daquele compromisso, também se inscreveu. Era um trabalho para 14 anos e com oportunidade de vir ao Brasil somente duas vezes nesses 14 anos. Mas também soube que muita gente morria por lá sem poder rever suas famílias.

 

Luizinho chegou a estar com os papeis,  passaporte tudo pronto na mão para viajar quando o Pai Ogum de Narue em um belo dia, sem mais sem menos, chegou na casa de Pai Walter e disse que era para seu filho, Luizinho, rasgar toda aquela papelada porque ele não deveria ir para essa viajem pois, de lá ele não retornaria e frisou que ele tinha a tal de missão para cumprir aqui no Brasil.

 

A Sandra de Iemanja foi quem deu o recado a Luizinho, que depois deste acontecimento caiu na real porque foram muitos avisos e ele teve medo de ir e nunca mais ver as pessoas que ele gostava, mãe, irmãos e amigos.  Ali, naquele momento ele viu que tinha que continuar, que não podia mais teimar em fugir, porque nada ia pra frente, sua vida sempre trancando e por tudo isso se dobrou para seu Pai.

 

A Sandra ficou muito comovida com tudo aquilo que havia presenciado e terminou dando de presente para Luizinho, uma taca e uma imagem de Ogum de Narue, que Luizinho tem ate o dia de hoje.

 

Depois dessa passagem por S Paulo, Luizinho retornou a Porto Alegre, para a casa de Pai Vinicius de Oxalá que o recebeu muito sorridente. Pai Vinicius mandou Luizinho sentar e ele relatou a sua trajetória de vida e disse que as historias dos dois eram muito parecidas e que quando ele pediu para Luizinho ir ajudar Walter de Iemanja em São Paulo ele, Pai Vinicius, já sabia que Luizinho passaria por aquela situação mas retornaria porque era aqui que ele deveria seguir a sua trajetória espiritual e concluiu dizendo : Quando temos uma missão não conseguimos fugir dela

 

Depois disso ainda foi a Santa Catarina dar ajuda para seu outro irmão o Pai Luizinho de Iemanja que tinha casa aberta em Camboriú.

 

Retornando a casa de Pai Vinicius, iniciou ali a sua trajetória.  Teve muita forca de vontade, aprendendo com seus irmãos mais velhos, Toninho de Oxum, Mae Irene de Bara, Horacina de Oxalá, Aélcio de Ogum e com o próprio Pai Vinicius que lhe deu muita condição para ele desenvolver, aprender e ensinar.  Ajudou também a Pai Chiquinho de Bara no Rio de Janeiro e Breno de Oxala de Viamao,

 

Com Pai Vinicius de Oxalá, Luizinho de Ogum fez todos os seus aprontes,  ficando na casa  ate a morte de Pai Vinicius em janeiro de 2000.

 

Foi seu primeiro e único Pai de Santo. Conheceu outros lugares, outras casas, para ver, a mando do próprio Pai Vinicius que dizia para antes de entrar para a casa dele ele deveria conhecer outras e ver se era ali mesmo que ele queria ficar.  Achou que a casa de Ogum Mege era a sua casa e teve certeza disso e lá ficou.

 

Um ano antes da passagem de Pai Vinicius, já contava com muitos filhos de santo que foi arregimentando e que lhe acompanhavam na própria casa de pai Vinicius e com a autorização dele.

 

Até que uma filha de santo, a Claudete de Oxum, (era filha de santo de Mae Helena de Iemanja), lhe deu uma casa na Rua São Simao 400. Esta casa onde a falecida Mae Helena de Iemanja teve sua terreira por quase 50 anos. Toda a documentação de transferência da casa foi realizada pelo seu irmão Beto de Ogum.

 

Jogou para seus Orixás, para saber se eles aceitariam ir pra lá e eles aceitaram.

Quando Pai Vinicius faleceu, ele ja estava de posse da sua casa, a casa de Ogum Diolá e Ogum de Narue.  Esperou passar 90 dias da Obrigação de falecimento de seu Pai e em abril de 2000 levou  meus santos para a casa própria deles.

 

Quando levou seus santos para sua casa, levou seus Barás e Exus caminhando porque eles não aceitaram vir de carro. A Tia Glaci de Oxum Ibeijis, colocou a obrigação no ombro e com seus 74 anos caminharam aproximadamente por 14 quadras até chegar na casa. Pai Luizinho foi  acompanhado pela maioria de seus filhos de religião que já contavam com mais ou menos uns cem filhos.

Muitos de seus irmãos de Santo terminaram indo pra sua casa depois da morte de Pai Vinicius.  Mesmo cortando para seus irmãos, mesmo terminando os aprontes de alguns deles, sempre tratou e trata até os dias de hoje, como irmãos de santo em respeito aos Orixás de seus irmãos que eram em alguns casos mais velhos que os seus próprios Orixás.

 

Fez o luto como manda nossa Lei e por 1 ano não fez qualquer tipo de obrigação na casa em respeito a seu Pai, Vinicius de Oxalá Domaia

 

Pai Luizinho de Ogum Adiolá e Ogum de Narue, fez questão de colocar esse comentário sobre sua mãe carnal porque foi nela que ele encontrou abrigo para seus questionamentos.

 

- Minha mãe, Dona Glaci nunca deixou nenhum filho sem uma resposta, sem um apoio, sem uma palavra de conforto de incentivo. Mesmo eu estando longe dela, distante, através de cartas ela sempre esteve presente na minha vida em todas as minhas decisões e ainda hoje está. Ela e uma mãe maravilhosa.

 

Enfim, Pai Luizinho de Ogum, mantem a mesma simplicidade e humildade que dona Glaci lhe passou e que transmite a todos que o procuram.

 

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SUA BACIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Estamos com o Museu Afrobrasileiro  colocando mais uma ferramenta na mão de todas as Bacias do Estado e Brasil

Beto de Ogum - Diretor